Tudo dança, transmutação (série)
O trabalho trata de mulheres e do seu estar no mundo em que filtros de todas as ordens impedem uma visão clara do agora. Deste modo, medos irracionais afloram, barreiras e muros crescem por todas as partes e passam a separar os considerados de dentro dos considerados de fora. O mundo torna-se outra vez binário, excludente com aqueles que não se encaixam, que fogem à norma estabelecida. Tal modo de ser se adensou a partir do choque civilizacional provocados pelo COVID-19. Vivemos um incômodo civilizacional e a figura feminina neste contexto sofre injunções de todos os tipos. Todavia, daí também advém sua força.
O vermelho que tinge as imagens é o sangue vertido pelas mulheres, seja o de sua feminilidade ou o sangue provocado pelo agressor. Essas imagens falam de um passado e de um presente que ainda oprime as mulheres de todas as etnias. Seus corpos nus parecem afrontar as instituições machistas, formadas ao longo da história escrita pelos homens, Queimadas, açoitadas, abusadas durante séculos, neste trabalho as mulheres mostram os seus corpos, superfície carnal em disputa.[1]
[1] Texto sob responsabilidade da artista