“Distâncias” & “Garimpo”
As obras “Distâncias” e “Garimpo” fazem parte da série de pinturas Antropocência, que é um desdobramento da série “Cenas Urbanas”, iniciada em 2015. Apresentam perspectivas para pensar a paisagem urbana, cenário construído pelo homem para viver. As cenas são compostas intercalando referências do real com o imaginário. Em camadas de tinta lentamente elaboradas, as pinturas contrapõem elementos que criam a ilusão de tridimensionalidade, com áreas em que as formas são simplificadas e a pintura lisa.
Um padrão de listras que faz referência ao código de barras, além de contribuir para unidade estética do conjunto, evoca uma ideia de consumo presente em grande parte das nossas ações/relações. Antropocênica começou a ser produzida no ano 2020, marcado por muitas crises, entre elas a questão socioeconômica no contexto de isolamento da pandemia Covid-19. Neste sentido, a série também coloca em questão os conceitos de segurança e liberdade e a necessidade de corrigir o capitalismo, nossos vícios de consumo e seus impactos ambientais e sociais, cumprindo nosso papel ativo na construção do nosso entorno, nos cuidados com a nossa casa comum.
Outro elemento recorrente em minha produção, presente nas duas obras inscritas são as antigas cabines de telefones públicos, popularmente chamadas de Orelhões. Este elemento do mobiliário urbano participou do cotidiano das ruas brasileiras durante décadas. Hoje obsoletas, estão sendo removidas, dando lugar à novas tecnologias. São memórias de uma paisagem em constante transformação.[1]
[1] Texto sob responsabilidade da artista