Aqui fica
É uma elaboração estética para deixar ecoar a voz de uma mulher que se despede de um amor, uma Medeia contemporânea que rompe o laço com seu Jasão. Gravado durante o auge da pandemia, marca o ponto final, ou o porto onde pôde chegar esse amor. Uma experiência poética e autobiográfica. Arte e vida, marcando o entendimento dessa artista da cena que tem em Artaud uma de suas maiores referências. A arte é sempre um duplo da vida, nada menos que isso. Vem como uma carta dela para a Tânia que nascerá a partir daí, para a Tânia do futuro. Quiçá também sirva a outras Tânias.
É a arte dando um ponto final para algo que jamais tem fim, ciclos que não podem fechar-se por completo… O desabafo de uma atriz que passou por tantas mulheres, tantas personagens e personas, tantas dores que eram suas mas não eram particulares. Agora ela se despe, revelando essa ferida uma tentativa de que o oxigênio a cicatrize. Outras feridas estarão abertas, talvez mas profundas, que demorem mais tempo para sarar. Mas esta aqui, exposta, sangrando, vibrando diante dos olhos de quem vê, fica registrada e portanto eternamente cicatrizada, para que daqui a um tempo, possa ser observada com um pouco mais de doçura, gentileza, empatia, amor.
“Aqui fica” foi criado em parceria com a artista Mariana Rotili (mulher de cena, cantora, videomaker a artista visual), parceria criadora de muitos trabalhos.
[1] Texto sob responsabilidade da artista