Os trabalhos aqui apresentados são um recorte da pesquisa em desenho que tenho desenvolvido nos últimos anos. A partir do olhar oblíquo sobre a cidade, principalmente sobre o centro de Porto Alegre, onde a janela do meu ateliê torna-se um mirante, penso o desenho como uma possibilidade de redescobrir este cenário urbano por meio da reunião de fragmentos gráficos (fotografias, memórias, rascunhos) relacionados a esse espaço.
Desde 2014 os transeuntes, as plantas, a mobília urbana, os animais são observados e registrados. Todo esse material tornou-se o repertório visual ao qual recorro para articular minhas experimentações gráficas no desenho, formando assim diferentes cenas que entrecruzam acontecimentos de tempos diversos em um único desenho. Assim, busco transformar essa forma de olhar e de me posicionar geograficamente em uma ideia de visão gráfica da cidade e, dessa forma, percebendo-a como um desenho que se encontra em estado de constante transformação.
Os trabalhos propostos para o salão são resultados recentes desta pesquisa. Todos são construídos a partir de módulos de papel, uma estratégia para lidar com mais uma camada de fragmentação das imagens através da montagem. Os materiais utilizados são diversos, são contrastantes não apenas na relação entre uma imagem e outra, mas também entre suas qualidades táteis. A temática permanece sendo o centro urbano, um ambiente em constante transformação, que me chama atenção através da janela do ateliê, porém, há aqui, uma experiência que abarca minha relação com o centro de porto Alegre e outros lugares aos quais me coloquei na mesma posição: a de ver a cidade como um desenho em movimento.[1]
[1] Texto sob responsabilidade do artista